Otto Dumovich - Trompetista Chet Baker - Escultura em bronze 51x15x24cm (medidas totais)

Quando criança, Otto Dumovich, de 57 anos, esculpia rostos nos lápis. Ele simplesmente não sabia separar o traço da massa. Hoje, o morador de Maricá, que nasceu em Botafogo, reúne em seu currículo 23 estátuas em todo o Brasil. O monumento de San Tiago Dantas, em bronze, por exemplo, está localizado no Palácio do Itamaraty, em Brasília. Já no Rio, Dumovich tem dez obras espalhadas pela cidade como Dorival Caymmi e Braguinha, em Copacabana; Cartola na Mangueira e Pixinguinha, na Travessa do Ouvidor, no Centro.

Sempre encantado com o traço no volume, o artista garante que não teve a influência de outros escultores, já que iniciou no desenho. Dessa forma, segundo Dumovich, foi só inserir ao desenho a terceira dimensão.

O desenho também foi imprescindível para ele atuar nos vários planos que o cinema necessita. Como os storyboards que Otto fez para Walter Salles Jr em “A Grande Arte”, de Rubens Fonseca (3.250 desenhos – em três meses e meio de trabalho) ou “Brincando nos Campos do Senhor”, de Héctor Babenco (650 desenhos). Ao todo, foram 12 longas e nove curtas, como o da Suzana de Moraes, filha de Vinicius – “Mil e Uma”.

Mas faltava algo. Nas próximas linhas, Dumovich conta como surgiu a paixão pelas estátuas e a experiência em imortalizar algumas personalidades que marcaram a história do país, em bronze:

“Sempre fui apaixonado pela música. Filho de imigrantes, ela sempre esteve presente em minha casa, assim como a arte em geral. Portanto a influencia pelo choro como pelo jazz, mais tarde - através do programa de rádio “Jam Session” de Jô Soares -, só fez crescer o meu conhecimento por essa área. Foi nesta época que comprei o meu primeiro saxofone, atraído pelo visual do instrumento mais do que pelo som que conseguia tirar.

Surgiu a ideia dos músicos no mesmo material de seus instrumentos, o bronze. Daí uni o traço ao volume e realizei “Tributo aos Metais”. Ao todo 14 esculturas em bronze de 45 cm em média , expostas no Museu da República e após no Free Jazz - Museu de Arte Moderna (RJ) e em São Paulo no Galpão Fábrica.

No último dia da exposição no Museu da República, no Catete, recebi a visita de Alfredinho, filho de Pixinguinha, que adorou a escultura. E deu a ideia de homenagear seu pai na Travessa do Ouvidor, onde era um assíduo frequentador.

O Patrocinador fechou contrato para uma escultura de apenas 1,30m de Pixinguinha. Já com contrato assinado, modelado na proporção estabelecida, não fiquei satisfeito com o resultado. Fiz por minha conta a que está lá hoje com 1,80m.

Depois produzi através da lei municipal de incentivo a cultura, Braguinha e Cartola. Que me proporcionaram grandes emoções.

Enquanto Dona Astréia, esposa de Braguinha , conversava com Cristina, minha esposa, explicando que não era só a letra de Carinhoso que Braquinha havia feito para Pixinguinha, e sim mais duas. Braguinha, já com seus 94 anos, começava lentamente a cochilar, em sua imensa sala de jantar tendo em seu centro um piano branco. Foi aí que me atrevi e cantei baixinho... “Existem praias tão lindas cheias de luz” quando para a minha surpresa, ele acorda e dá continuidade a canção “Copacabana, princesinha do mar”, que ele compôs.

Enquanto modelava e trabalhava atrás de patrocínio para dar segmento ao projeto “Homenagem a Braguinha”. Maria Cecília, filha de Braguinha, me falava que toda vez que ele voltava de Petrópolis e passava pela a esquina da Princesa Isabel com Barata Ribeiro ele perguntava : Cadê eu?!.....Cadê eu? Já na inauguração, ele pode cantar e, apesar da doença, cantou todas as letras de suas músicas feitas há, pelos menos, 50 anos. Eu estava bem perto dele e foi emocionante de ver e ouvir!...

Atualmente é forte a movimentação para que a escultura de Braguinha fique na praia de Copacabana em frente ao MIS, graças a João Baptista (coordenador dos Roteiros Geográficos do Rio/UERJ), Maria Cecília e Ricardo Cravo Albin.